História do Corpo-seco

Corpo-seco real ou lenda?

Corpo-seco, uma história verdadeira que se tornou lenda pelo mundo.

Essa é uma das lendas que ultrapassa gerações e regiões.


Com a “corrida do ouro” no século XVII muitos vieram tentar a sorte no Eldorado Brasileiro e entre eles veio um homem sinistro, temido por todos garimpeiros da região, seu nome era Miguel Antônio. Dizem que Miguel era um ser maquiavélico, fez fortuna e muita maldade para os que tiveram o triste desprazer de conhecê-lo. Era meticuloso, tramava contra os amigos e inimigos. Enriquecendo cada vez mais e acumulado riqueza, com o tempo Miguel Antônio comprou terras, construiu uma fazenda e fez família. Tornou-se o fazendeiro mais rico da região. Mas por causa da cobiça e a loucura pelo ouro, se afastou de todos e foi viver só entre os escravos e os empregados. A família voltou para São Paulo somente com a roupa do corpo fugindo da sua maldade, Miguel não deixou que levassem nada. E a cada dia que passava, a cada ano, ele se tornava um homem mais severo e ganancioso.

A história do Fazendeiro Miguel Antônio, se espalhou pela Região do Vale do Ribeira, Eldorado Brasileiro. Todos temiam e comentavam as barbaridades que cometia contra seus escravos e subordinados. Os escravos eram condenados à morte por qualquer falha ou suspeita do fazendeiro. Quando já estavam velhos para o trabalho pesado, Miguel, os usava para carregar o ouro até a beira do rio e no local mandava o escravo cavar uma cova onde ele próprio era enterrado vivo junto com o ouro. Foram mais de 300 escravos mortos pelo fazendeiro. Contam que uma certa vez ele afundou um barco no rio com homens, mulheres e crianças, muito ouro e sacos de areia que ele havia colocado para o barco naufragar. A ganância levou Miguel Antônio à loucura, ele não tinha mais como guardar o ouro então o escondia em suas terras e matava todos que sabiam. Talvez, esse homem tenha sido o maior serial killer do século XVII. Mas como os crimes contra escravos não era vistos como crime pela coroa portuguesa, Miguel Antônio nunca foi julgado por essas mortes em vida.

Segundo relato de Jandyra Ferreira de 91 anos, filha de Diogo Onça Ferreira, que era também fazendeiro em Registro e tinha negócios com Miguel Antônio, ela conta: “Meu pai era bem novo quando conheceu o Miguel Antônio que já estava com quase 100 anos, dizem que ele viveu até os 115 anos, por causa da cobiça ao ouro ele não morria. Meu pai dizia que ele era um homem muito ruim e temido por todos, era muito cruel com seus escravos, ele falava “Deus a criar e eu a matar”, e enterrava viva as pessoas. Ele morreu de uma doença estranha que fazia o corpo queimar, a mulher dele veio de São Paulo para cuidar do enterro, mas antes do velório o corpo sumiu. Dizem que os escravos levaram o corpo e enterraram cachos de bananas no lugar. Dizem que nem o céu nem o inferno o quiseram, os escravos teriam levado o corpo e feito um ritual, de modo a permanecer preso à vida terrena, mas não mais com uma forma humana. Só que como era muito esperto, Miguel Antônio deu um jeito de se manter vivo e continuar com suas maldades. Ele vivia da energia das árvores que ele sugava e fazia de sua morada, se misturando aos galhos e com o sangue que ele sugava das pessoas na tentativa de ter seu corpo de volta. Corpo-seco tinha um grande casaco de pele dos que ele matava. Mesmo depois da morte, ele continuou causando mal às pessoas, e começaram a chamá-lo de Corpo Seco, assim contavam os mais velhos da cidade de Registro.”

Mas a história de Seu Miguel tem suas variações pelo mundo afora.
Uma delas diz que corpo-seco foi um homem tão ruim que foi rejeitado por Deus, pelo diabo e até mesmo pela terra, onde havia sido enterrado. Com o corpo em estado de decomposição teve que sair de seu túmulo. Começou a viver como alma penada, grudando nos troncos das árvores, que secavam quase que imediatamente.
Ele então passou a viver assombrando as pessoas nas estradas.

Cada região tem o seu desfecho.
Em alguns lugares a lenda diz que quando uma pessoa passa na estrada, o corpo-seco gruda em seu corpo e começa a sugar o sangue. A vítima da assombração pode morrer caso ninguém passe na estrada para salvá-la.
Em Minas Gerais, há uma variação desta lenda, onde conta-se que o “Corpo Seco depois de ser repelido pela terra várias vezes, é levado por bombeiros à uma caverna em uma serra . Dizem que quem passa à noite pela estrada de terra que margeia a “Serra do Corpo-Seco”, consegue ouvir os gritos do ser amaldiçoado ecoando de dentro da caverna.
A lenda do corpo seco é contada de várias formas, mas o fim é sempre o mesmo: Tenebroso!

 

História do Fazendeiro Miguel retirada da FONTE